Bruno de Oliveira, 21, cansou de andar de ônibus. Chegava atrasado ao trabalho, não tinha paciência de esperar por horas no ponto e pegar o veículo lotado. Há três meses, mudou. Pegou a bicicleta e pedala diariamente da Av. Vasco da Gama até a Liberdade. “Acordo mais tarde, chego no horário, economizo dinheiro e ainda pratico esporte”, diz. A iniciativa de Bruno chama a atenção no momento em que se discutem em Salvador projetos de mobilidade para a Copa, que incluem o uso de bicicleta. A capital baiana apresenta engarrafamentos em horários de pico e tem aumento médio da frota de veículo em 7% ao ano, desde 2006, segundo dados da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador).
Para a especialista em mobilidade urbana e arquiteta Ariadne Moraes, a bicicleta pode ser solução, se integrada a outros sistemas de transporte: “Primeiro, seria preciso uma mudança cultural. Depois, de infraestrutura para conectar a bicicleta ao transporte de massa. A topografia da cidade não é problema”, diz ela, que integra o Núcleo de Estudo em Mobilidade Urbana da Ufba (NMob).
O engenheiro em sistemas urbanos francês Clement Vialle, 32, que também participa do NMob, diz que a mudança do paradigma do automóvel surgiu há 20 anos na Europa – e deu certo. Há dois anos no Brasil, e mesmo sem a cultura de uso de bicicleta em Salvador, o professor da Ufba opta por não ter carro e circular sobre duas rodas: “Moro no Rio Vermelho, vou trabalhar pedalando, mas também vou para o Centro ou à Rodoviária de bicicleta”.
PAC - Para Salvador e Lauro de Freitas, a implantação de 140 km de sistema cicloviário está orçada em R$ 41 milhões – valor que representa apenas 1,7% do total de R$ 2,4 bilhões que a Bahia tem a chance de receber via PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) de Mobilidade Urbana, em virtude da Copa do Mundo.
O valor foi solicitado ao governo federal no último dia 3, dentro do projeto Cidade Bicicleta, da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder). “Agora aguardamos a aprovação da União para fazer o projeto executivo. Se tudo der certo, acredito que no ano que vem iniciaremos as obras”, afirma Lívia Gabrielli, diretora de equipamentos e qualificação urbanística da Conder. Hoje, Salvador conta com 30 km de ciclovias – na orla (Amaralina-Pituba e Jardim de Alah-Itapuã), Av. Bonocô, Imbuí e Suburbana (Lobato).
Estudo - Paralelamente ao projeto do governo do Estado, a Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal) finaliza estudo de áreas para implantar ciclovias a curto e médio prazos. “Na próxima semana, entrego perspectiva ao prefeito”, promete Euvaldo Jorge, presidente da Desal.